Perdeu a opção de “Abrir em aplicativo de desktop” depois de adoptar o novo Microsoft Teams? Veja neste guia completo por que a definição desapareceu, em que cenários volta a surgir e quais as soluções práticas (oficiais e alternativas) para garantir que Word, Excel, PowerPoint e PDF continuam a abrir directamente nos respectivos programas instalados no computador.
Visão geral do problema
Na versão “clássica” do Teams era possível definir, de forma permanente, que todos os ficheiros fossem abertos no aplicativo de desktop correspondente. Essa definição situava‑se em Definições ▸ Ficheiros e ligações ▸ Preferência de abertura de ficheiros. No novo Teams (lançado em 2023 e tornado predefinido em meados de 2024) a opção deixou de aparecer para milhares de utilizadores, gerando frustração e impacto nos fluxos de trabalho – sobretudo quando o browser é forçado a abrir documentos, quebrando integrações com modelos, macros ou suplementos corporativos.
Porque a opção desapareceu no novo Teams
A Microsoft alterou silenciosamente os requisitos e tornou a definição dependente de três pré‑requisitos cumulativos [1]:
- Cliente Teams para Windows ou macOS‑ é necessário executar a aplicação de área de trabalho; quem acede apenas via web não verá a opção.
- Aplicações Office 2016 ou posterior instaladas localmente – versões mais antigas ou apenas Office Online não satisfazem o critério.
- Licença Microsoft 365 E3 ou E5 – especificamente a SKU «Microsoft 365 Apps for Enterprise» cujo Product ID é
O365ProPlusRetail. Planos Business Basic, Business Standard e Business Premium não incluem esse ID.
Se um único requisito falhar, o item “Aplicativo de desktop” some do menu suspenso. Embora a funcionalidade existisse (e fosse amplamente usada) no Teams clássico, a equipa de produto decidiu restringi‑la aos clientes empresariais com licenças E3/E5.
Sinais de que o seu tenant foi afectado
- Utilizadores em Business Premium relatam que links em e‑mails do Outlook abrem Word Online em vez de Word Desktop.
- A opção “Abrir no aplicativo” continua visível dentro da pré‑visualização de cada ficheiro, mas é preciso clicar manualmente sempre.
- Políticas de grupo (GPO) preexistentes que forçavam a abertura local deixaram de produzir efeito.
Comparação entre métodos para restaurar o comportamento
| Cenário | O que faz | Prós | Contras |
|---|---|---|---|
| Reunir os 3 pré‑requisitos | Instala o Office de área de trabalho e muda o utilizador para E3/E5. | Recupera a definição permanente; suporte oficial. | Custo extra de licenciamento; projectos de migração. |
| Abrir caso a caso | Clicar em … ▸ Abrir ▸ Abrir em aplicativo ou no botão dentro da pré‑visualização. | Não requer mudanças de licença. | Repetitivo; eleva tempo de abertura; fácil de esquecer. |
| Sincronizar biblioteca com OneDrive | Usa a sincronização a nível de sistema operativo e abre ficheiros a partir da pasta local. | Integra‑se com Explorador de Ficheiros; mantém controlo de versão. | Exige espaço em disco e configuração inicial de sincronização. |
| Voltar temporariamente ao Teams clássico | Desactivar o seletor Novo Teams (enquanto existir). | Retoma imediatamente a funcionalidade anterior. | Opção será descontinuada; pode ser bloqueada pelo administrador. |
| Alteração de registo (hack) | Adicionar ProductReleaseIds=O365ProPlusRetail no registo do Office. | Relatos de êxito em fóruns da comunidade. | Não suportado; risco de perda de suporte e de redefinições em futuras actualizações. |
Passo a passo: verificar se a licença inclui O365ProPlusRetail
- No Centro de Administração Microsoft 365, aceda a Facturação ▸ Licenças.
- Seleccione o utilizador afectado e abra Produtos atribuídos.
- Procure Microsoft 365 Apps for Enterprise; a descrição deve mencionar explicitamente o Product ID O365ProPlusRetail.
- Se não existir, a conta pertence a um plano Business; considere upgrade ou plano híbrido (E1 + Apps for Enterprise).
Como mitigar em ambientes PME sem E3/E5
Para organizações que operam com margens reduzidas, o salto para E3/E5 pode ser financeiramente inviável. Eis algumas tácticas de mitigação:
- Formação expressa: divulgue material interno com o atalho Ctrl+Shift+X (ou equivalente) que força “Abrir em aplicativo” no painel de pré‑visualização.
- Políticas de protocolo URI: configure no Windows associações permanentes para
ms-word:,ms-excel:ems-powerpoint:apontarem sempre para a versão Desktop; dessa forma, mesmo que o Teams tente invocar o browser, o sistema operativo redirecciona localmente. - Automação PowerShell: crie script que monitora a pasta Downloads\Teams e abre qualquer .docx/.xlsx/.pptx no Office Desktop, apagando‑os depois para poupar espaço.
- OneDrive Selective Sync: sincronize apenas bibliotecas críticas para evitar saturar SSDs em portáteis de entrada.
Impacto em fluxos de trabalho avançados
Equipas financeiras que dependem de macros VBA, controlos ActiveX ou suplementos COM reportaram que a abertura no browser quebra processos de consolidação automática. O mesmo acontece com modelos de Word que carregam Building Blocks corporativos ou suplementos VSTO. Para esses cenários, a ausência da definição global pode significar minutos extras por documento, somando horas por mês.
Estudo de caso resumido
Uma contabilidade de médio porte com 120 utilizadores em Business Premium calculou um aumento de 42 segundos por documento devido ao passo adicional. Como processam em média 450 documentos/dia, o impacto anual ultrapassa 470 horas‑homem. A migração para E3 amortiza‑se em dois anos quando comparada ao custo de perda de produtividade.
FAQ – Perguntas frequentes
A Microsoft vai reverter a decisão? Até à data‑limite desta publicação (6 set 2025) não há indicações públicas de reversão. Ideias foram registadas no Feedback Portal, mas nenhuma foi marcada como “Planeada”. Planos Business Premium podem comprar só a SKU Apps for Enterprise? Sim. O modelo “Add‑on” permite acrescentar licenças apenas para utilizadores intensivos. Porém deixa de fazer sentido manter Business Premium para esses colaboradores, já que há sobreposição de direitos. E versões perpétuas como Office 2021 LTSC? Não satisfazem o critério, pois o Teams detecta apenas Microsoft 365 Apps com actualizações contínuas de canal.
Boas práticas de implementação
- Mantenha o Teams e o Office actualizados; patches semanais podem alterar chaves de registo e voltar a ocultar opções “enganadas”.
- Documente qualquer hack interno e valide‑o em canal de pré‑produção.
- Estabeleça políticas de retenção nos canais do Teams para minimizar o volume de ficheiros carregados e o consequente tempo gasto em aberturas.
- Medir é imperativo: use relatórios do Centro de Conformidade para quantificar o tempo de permanência nos ficheiros (file dwell time) antes e depois da mudança de licença.
Conclusão e próximos passos
A retirada da definição “Abrir em aplicativo de desktop” no novo Microsoft Teams não é um erro; é uma decisão de produto alinhada aos pacotes Enterprise. Para recuperar o comportamento antigo, a única via suportada é cumprir os três pré‑requisitos – em especial a licença E3/E5. Quem não pode ou não quer fazer o upgrade deve escolher entre abrir manualmente, sincronizar via OneDrive ou recorrer a alternativas não suportadas.
Monitorize actualizações do roteiro público do Microsoft 365 e participe no Feedback Portal; a pressão comunitária foi decisiva noutras funcionalidades. Entretanto, avalie o custo de oportunidade da perda de produtividade versus o investimento em licenças Enterprise. Em muitas organizações, um híbrido em que apenas os utilizadores “power” recebem E3/E5 já é suficiente para justificar o retorno.
Resumo executivo: A definição “Abrir em aplicativo de desktop” tornou‑se exclusiva de licenças Microsoft 365 E3/E5 com Office desktop instalado. Sem cumprir esses requisitos, não existe forma suportada de fixar o comportamento no novo Teams. As alternativas são actualizar a licença, aceder manualmente a Abrir em aplicativo ou contornar o Teams com OneDrive ou protocolos URI.