Como usar arte do Bing Image Creator em vídeos do YouTube sem problemas de copyright

Quer fazer vídeos no YouTube, posts no Instagram ou campanhas pagas usando imagens feitas no Bing Image Creator (Microsoft Designer)? Descubra aqui como funcionam direitos autorais, licenças comerciais e boas‑práticas para publicar sem medo de strikes ou reclamações.

Índice

Visão geral

O Bing Image Creator é um serviço gratuito de geração de arte por inteligência artificial que utiliza o modelo DALL‑E da OpenAI. Desde seu lançamento, criadores de conteúdo de países lusófonos vêm perguntando se podem baixar, editar e monetizar essas obras em plataformas como YouTube, TikTok, Instagram, Facebook, LinkedIn ou em materiais impressos. A resposta curta é “sim”, mas há nuances importantes que determinam a responsabilidade legal caso surja alguma disputa envolvendo direitos de terceiros.

Termos de uso e direitos autorais

Os Termos de Uso específicos do Bing Image Creator e do Bing Video Creator foram atualizados em 15 de julho de 2025, consolidando cinco pontos-chave:

O que foi apuradoImplicações práticas
Você mantém a titularidade das criações. A Microsoft não reivindica a propriedade dos “Prompts” nem das imagens (“Creations”) geradas.É permitido baixar, modificar e publicar em qualquer plataforma, inclusive em vídeos monetizados no YouTube, sem royalties para a Microsoft.
Licença ampla concedida à Microsoft. Ao usar o serviço, você autoriza a empresa a reproduzir, hospedar e exibir suas criações dentro dos próprios serviços.As imagens não são exclusivas; a Microsoft pode mostrá‑las para fins de demonstração ou melhoria do produto. Não afeta seu direito de usá‑las comercialmente.
Uso comercial liberado, desde que legal. Os termos declaram: “Sujeito ao cumprimento destes Termos, você pode usar as criações para qualquer finalidade legal, inclusive comercial”.Você pode inserir as imagens em anúncios pagos, produtos digitais, e‑books ou brindes físicos sem cobrança adicional de licenças.
Responsabilidade de terceiros recai sobre você. Você garante que o prompt e o resultado não violam marcas, retratos, direitos autorais ou dados sensíveis.Evite solicitar personagens famosos, logotipos corporativos ou estilos idênticos de artistas vivos; se houver infração, a culpa é sua, não da Microsoft.
IA pura não recebe copyright pleno nos EUA. Em decisões recentes, o Copyright Office negou registro de obras criadas 100 % por IA.Outros podem reutilizar suas imagens sem infringir a lei. Para garantir exclusividade, inclua contribuição humana substancial (edição, colagens, texto, etc.).

Entendendo o “copyright gap” em obras de IA

No Brasil e em Portugal, a Lei de Direitos Autorais exige criação intelectual humana. Portanto, imagens produzidas automaticamente não adquirem proteção autoral plena. Já nos EUA, a diretriz de 2023 do U.S. Copyright Office segue raciocínio semelhante, recusando registro quando “a mente humana não determinou a expressão criativa”.

Isso significa:

  • Você pode usar livremente a imagem.
  • Um terceiro também pode copiar sem pagar royalties, a menos que você tenha adicionado elementos humanos originais que gerem nova proteção.
  • Marcas registradas e direito de imagem continuam protegidos; a ausência de copyright da IA não anula esses outros direitos.

Publicando no YouTube: políticas específicas

1. Sistema de Content ID

Como não há gravação pré‑existente protegida, o Content ID dificilmente detectará uma imagem de IA como violação. No entanto, músicas, fotos ou trechos de vídeo de terceiros incluídos em seu projeto continuam sujeitos às mesmas regras.

2. Política de Conteúdo Sintético/Alterado

Em vigor desde abril de 2024, exige que deepfakes ou representações realistas de pessoas sejam claramente rotuladas. Use as ferramentas de disclosure do YouTube se a imagem de IA simular um indivíduo real.

3. Demonização e restrição

O uso de IA em si não afeta monetização, mas clips repetitivos, sem valor agregado, podem ser classificados como “conteúdo em massa sem contribuição criativa” e perder receita publicitária.

Boas‑práticas para criadores

  1. Guarde seus prompts e a data de geração (screenshot, arquivo .txt, exportação HTML) para provar origem e boa‑fé.
  2. Faça busca reversa no Google Images ou TinEye. Se achar algo parecido, modifique a arte ou troque o prompt.
  3. Evite estilos protegidos: nomear explicitamente “no estilo de Banksy” ou “como o Homem‑Aranha” pode gerar notificação DMCA ou processo por diluição de marca.
  4. Edite e contextualize: adicione texto, efeitos, personagens originais ou animação. Isso aumenta valor criativo humano e reforça eventuais argumentos de copyright.
  5. Siga as normas locais: no Brasil, verifique se a imagem não infringe a Lei 9.610/98; em Portugal, consulte o Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos.
  6. Consulte advogado se o canal for grande ou se planeja vender produtos físicos (camisetas, quadros). Nesses casos, a diligência jurídica protege contra litígios caros.

Implicações para outras redes sociais

Instagram, Facebook e Threads

Os Termos de Serviço da Meta exigem que você tenha direitos sobre o conteúdo enviado. Como a Microsoft concede uma licença ampla para uso comercial, isso é atendido, contanto que não haja infração a terceiros.

LinkedIn e blogs corporativos

Perfeito para ilustrações de artigos B2B, infográficos e anúncios patrocinados. Garanta que elementos como logos de clientes estejam licenciados.

TikTok, Kwai e shorts

Conteúdo extremamente visual se beneficia de arte de IA. Porém, cuidado com uso de rostos realistas: a plataforma remove deepfakes que não indiquem clara sátira ou consentimento.

Comparativo internacional de políticas

RegiãoStatus legal de obra 100 % IAConsequências práticas
BrasilSem proteção plena; obra não é “intelectual” no sentido da leiReutilização por terceiros possível; registro na Biblioteca Nacional não é válido
PortugalMesma lógica – Autor precisa ser humanoPode haver proteção subsidiária se houver edição humana relevante
União EuropeiaDiretiva 2019/790 permite text‑and‑data mining; IA ainda sem status autoralEstados‑membros discutem introduzir “sui generis right” para IA
EUAU.S. Copyright Office nega registro para 100 % IAPolíticas de “fair use” se aplicam normalmente; marcas e retratos continuam protegidos

Perguntas frequentes (FAQ)

Posso vender camisetas com a arte do Bing Image Creator?

Sim, desde que a imagem não viole marcas ou direitos de terceiros. Para maior segurança, use sua própria marca na estampa e guarde evidências do prompt.
Se outra pessoa copiar meu design, posso processar?

Talvez não: obras geradas 100 % por IA não recebem proteção autoral completa. Insira elementos humanos originais (tipografia exclusiva, colagem, ilustração manual) para aumentar a proteção.
Preciso dar crédito à Microsoft ou à OpenAI?

Não é obrigatório, mas citar “Imagem gerada com Bing Image Creator” pode evitar alegações de engano e ainda melhorar transparência com seu público.
E se eu usar a arte em um aplicativo pago ou jogo?

Também é permitido, porém as mesmas regras sobre marcas e personagens de terceiros continuam válidas. Além disso, verifique se a plataforma (Steam, App Store, Play Store) exige comunicação específica sobre IA.

Erros comuns a evitar

  • Copiar + colar prompts populares sem ler: podem gerar designs semelhantes a milhares de outras pessoas.
  • Usar nomes de celebridades para atrair cliques: alto risco de processos de direito de imagem.
  • Ignorar revisão de estilo: mesmo que não haja copyright, artistas vivos podem alegar concorrência desleal ou violação de “trade dress”.
  • Publicar conteúdo sensível (violência, nudez) sem checar políticas da plataforma — remoção é quase certa.

Passo a passo seguro para usar Bing Image Creator em vídeos

  1. Escreva um prompt claro.
    Ex.: “Paisagem cyberpunk noturna, cores neon roxo e azul”
  2. Gere várias variações e baixe em alta resolução.
  3. Realize busca reversa para ver se não há obra idêntica.
  4. Abra no editor de sua preferência (Photoshop, GIMP, Figma) e acrescente elementos humanos: texto, recortes, efeitos.
  5. Insira no software de vídeo (Premiere, DaVinci Resolve, CapCut).
  6. Adicione narração, música licenciada e legendas.
  7. Aplique as tags e descrições adequadas no YouTube: #AIart, #BingImageCreator
  8. Se a imagem retratar pessoa real, use a ferramenta de Conteúdo Alterado do YouTube para declarar.
  9. Publique e responda aos comentários explicando, se perguntarem, que a arte foi feita com IA e editada por você.

Conclusão

Atualmente, criadores de conteúdo em toda a comunidade lusófona podem usar imagens do Bing Image Creator em vídeos do YouTube e em outras redes sociais sem pagar licenças ou royalties à Microsoft. O ponto‑crítico está em evitar violação de direitos de terceiros — marcas, rostos e obras protegidas — porque a responsabilidade recai integralmente sobre quem publica. Ao adotar procedimentos de verificação, adicionar toque humano e seguir as políticas de cada plataforma, você transforma a IA em aliada, não em risco jurídico. Boa criação!

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