Organizações que mantêm servidores Exchange on‑premises vêm enfrentando um obstáculo prático: o novo Outlook para Windows, apresentado pela Microsoft como sucessor do “Outlook clássico”, ainda não aceita perfis Exchange locais. A limitação afeta milhares de inquilinos híbridos, entidades governamentais com requisitos de soberania de dados e empresas que, por estratégia ou conformidade, não pretendem migrar totalmente para a nuvem nos próximos meses. Este artigo aprofunda a questão, apresenta alternativas e descreve um roteiro para que administradores de TI minimizem riscos até que a Microsoft libere o suporte oficial.
Panorama resumido
- Status — setembro de 2025: apenas contas Exchange Online/Outlook.com podem ser adicionadas diretamente.
- Suporte prometido: a Microsoft reitera que “chegará em uma atualização futura”, sem data definida.
- Impacto: sem MAPI/EWS, os usuários perdem calendários, tarefas, categorias, pesquisa avançada, delegação e automação de regras.
- Alternativas imediatas: permanecer no Outlook clássico, usar Outlook Web App (OWA), recorrer a clientes IMAP ou avaliar migração híbrida/total.
Situação atual em detalhe
Situação | Detalhes (setembro de 2025) | Impacto |
---|---|---|
Compatibilidade nativa | Ainda indisponível. O novo Outlook aceita apenas Exchange Online/Outlook.com e contas IMAP/POP. Perfis de servidores Exchange 2013, 2016, 2019 ou SE não podem ser configurados diretamente. | Usuários on‑premises não têm acesso a e‑mail, calendário, contatos ou tarefas dentro do novo cliente. |
Suporte indireto | Possível via IMAP: leitura e envio de mensagens, mas sem MAPI/EWS (calendário, categorias, delegação, regras, pesquisa avançada etc.). | Para a maioria dos cenários corporativos, IMAP é insuficiente, pois sacrifica produtividade e automação. |
Planejamento Microsoft | A empresa informa que o suporte será “adicionado mais tarde”, sem cronograma público. Sugerem registrar votos no Feedback Portal. | Indefinição obriga organizações a manter soluções provisórias ou iniciar projetos de migração. |
Por que o suporte ainda não chegou?
O novo Outlook foi redesenhado sobre WebView2 e compartilhado com a base de código do Outlook Web App, priorizando fronte‑end unificado e modelo de extensões JavaScript. Para habilitar contas Exchange locais, a Microsoft precisa:
- Implementar MAPI sobre HTTP ou EWS em uma arquitetura que hoje só consome APIs cloud‑based.
- Garantir suporte a Autodiscover via HTTPS em domínios internos, incluindo certificados públicos reconhecidos.
- Habilitar fluxo de autenticação OAuth 2.0/Modern Auth também para ambientes que não usam Azure AD.
- Preservar recursos empresariais (delegação, busca unificada, offline caching) sem comprometer desempenho em WebView.
Esses desafios requerem alterações significativas na pilha de serviços e na interface, razão pela qual a Microsoft optou por liberar primeiro o cenário 100 % cloud — onde detém total controle de back‑end.
Impacto funcional para usuários on‑premises
Quando se tenta adicionar uma conta Exchange local, o assistente simplesmente exibe a mensagem “sua conta não é suportada”. Algumas consequências práticas:
- Calendário inexistente ↔ reuniões internas falham: os convites são tratados como anexos ICS em vez de atualizações automáticas.
- Categorias e cores perdidas: marcações de e‑mail e calendário não viajam via IMAP.
- Regras do lado servidor inoperantes: regras criadas no Outlook clássico não podem ser gerenciadas no novo cliente.
- Pesquisa lenta ou incompleta: sem índice MAPI, a busca depende do conteúdo baixado no modo IMAP.
- Add‑ins COM desativados: integrações de ERP, arquivamento ou DLP criadas em VSTO não são carregadas no novo Outlook.
Alternativas imediatas recomendadas
Continuar no Outlook clássico
Apesar de a Microsoft pressionar pela adoção do novo cliente, o Outlook clássico continuará recebendo security updates até 14 de outubro de 2025. Para quem adquirir o ESU, o ciclo se estende por mais três anos, garantindo correções críticas de 2025 a 2028. É a solução mais simples para preservar todas as funcionalidades Exchange on‑premises enquanto se avalia o futuro.
Usar Outlook Web App (OWA)
OWA oferece experiência moderna, compatível com MAPI/EWS, sem exigir instalação local. Embora não substitua completamente as funções avançadas do cliente rico — por exemplo, PST, formatação Word‑like ou integração COM — , OWA cobre e‑mail, calendário, contatos, tarefas, grupos e acessibilidade via qualquer navegador suportado (Edge, Chrome, Firefox, Safari).
Recorrer a clientes IMAP/EWS de terceiros
Thunderbird, Evolution (Linux), Apple Mail (macOS) e eM Client suportam IMAP de maneira nativa. Para EWS, é possível instalar extensões como ExQuilla ou Owl, que reabilitam calendários e contatos. Todavia, delegação rica, pesquisa em servidor e auto‑archive continuam limitados.
Implantar ambiente híbrido ou migrar totalmente para Exchange Online
Em uma topologia híbrida, as caixas‑postais mais críticas são movidas para Exchange Online, liberando uso integral do novo Outlook para executivos e equipes móveis, enquanto departamentos sujeitos a requisitos de residência de dados permanecem on‑premises. Benefícios:
- Usuários cloud usufruem de IA Copilot, busca contextual e OneDrive Attach.
- Admin reduz infraestrutura local (armazenamento, backups, licenciamento Windows Server).
- Migrações podem ocorrer em ondas, usando Hybrid Modern Auth para logon unificado.
Em troca, é crucial investir em:
- Firewall e proxy compatíveis com TLS 1.2+;
- DNS seguro para
autodiscover.company.com
apontar ao endpoint correto; - Revisão de políticas DLP e retenção, pois passam a ser gerenciadas no portal Purview.
Preparar‑se para a eventual mudança
Mapeie dependências de add‑ins
Ferramentas como Enterprise Vault, CRM Dynamics on‑prem, SAP Outlook Integration ou antivírus que injetam plug‑ins podem exigir reescrita para o modelo JavaScript baseado em Web Add‑ins. Avalie cronogramas de fornecedores.
Revisite políticas de arquivamento e PST
O novo Outlook não exibe arquivos PST locais nem Online Archive (nas compilações atuais). Se a sua empresa depende de arquivamento baseado em PST, será preciso transferir conteúdo para o In‑Place Archive do Exchange ou para soluções de terceira parte compatíveis com EWS/Graph.
Documente fluxos críticos
Regras de transporte, moderação de caixa compartilhada, scripts de mail merge (VBA), pastas públicas, fax‑to‑mail — todos devem ser testados em laboratório antes de qualquer decommission do Outlook clássico.
Roteiro de ação recomendado
Cenário | Passo imediato | Estratégia de médio prazo |
---|---|---|
Usuários Windows com mailbox local | Permanecer no Outlook clássico ou OWA | Planejar migração híbrida ou aguardar roteiro oficial |
Usuários macOS com mailbox local | Manter Outlook “Legado” ou OWA | Habilitar Hybrid Modern Auth e migrar antes do fim do suporte em out/2025 |
Empresas que dependem de add‑ins COM | Auditar add‑ins e checar compatibilidade | Reescrever add‑ins para WebView2 ou manter Outlook clássico |
Instituições governamentais com limitação legal | Isolar dados sensíveis em bases locais; utilizar OWA interno | Negociar contrato GovernCloud ou aguardar suporte oficial on‑premises |
Perguntas frequentes (FAQ)
O novo Outlook conecta‑se via SMTP/POP3 com Exchange Server?
Sim, mas POP3 não é recomendado porque baixa mensagens sem deixar cópia por padrão e não sincroniza calendário ou contatos.
Posso instalar o novo e o clássico lado a lado?
Sim. A Microsoft disponibiliza o modo “run side by side”; basta manter o atalho do Outlook clássico (outlook.exe
) mesmo após instalar o novo aplicativo via Microsoft Store.
Qual a melhor forma de acompanhar o roadmap?
Acompanhe o portal Microsoft 365 Roadmap, blog Tech Community e o Feedback Portal específico para Outlook. Votes priorizam funcionalidade.
É possível bloquear o novo Outlook por política de Grupo?
Sim. No Editor de Diretiva de Grupo, navegue até User Configuration → Administrative Templates → Microsoft Outlook e desabilite a opção “Permitir usuários alternarem para o novo Outlook”.
Conclusão
Até o momento, o novo Outlook para Windows não se conecta diretamente a servidores Exchange on‑premises. A recomendação geral é manter o Outlook clássico ou recorrer ao OWA enquanto se avalia uma migração híbrida ou aguarda o cronograma oficial. Administradores devem mapear add‑ins, dependências de MAPI e requisitos de compliance desde já, evitando surpresas quando o suporte finalmente chegar. Registrar feedback, testar em laboratórios e comunicar‑se com áreas de negócio são passos-chave para atravessar a transição sem interrupção de serviço.
Resumo em uma frase: até que a Microsoft libere o suporte nativo, use Outlook clássico, OWA ou migre para Exchange Online/híbrido, monitorando o roadmap oficial.